segunda-feira, 24 de março de 2025

Bill T. Jones - Solos



O documentário intitulado "Bill T. Jones – Solos" é uma produção de 2008 que registra e celebra a trajetória e a arte do coreógrafo e dançarino americano Bill T. Jones, um dos nomes mais influentes da dança contemporânea. Dirigido por Don Kent, conhecido por seu trabalho na captação audiovisual de espetáculos cênicos, o filme foi realizado na sede do Centre National de la Danse, em Pantin, França, um espaço icônico dedicado à arte da dança.

O documentário se estrutura em torno da performance de solos coreografados e dançados por Bill T. Jones, intercalados com depoimentos e reflexões do artista sobre sua carreira, processos criativos, questões sociais e políticas, além de suas experiências pessoais. Ao longo do filme, Jones explora temas como identidade, corpo, sexualidade, racismo, memória e a função da arte no mundo contemporâneo.

A obra não se limita à mera captação de dança, mas constrói uma narrativa que dialoga com o espaço arquitetônico do Centre National de Danse, utilizando a estrutura do prédio como cenário dinâmico para os solos, e criando uma interação entre corpo, câmera e ambiente. O documentário também enfatiza a fisicalidade e a expressividade de Jones, captando detalhes íntimos de seu movimento e do impacto de sua presença cênica.

Relação com a Videodança

A obra de Don Kent pode ser vista como um exemplo de videodança, pois diferentemente de uma gravação de espetáculo ao vivo, a videodança é concebida especificamente para o meio audiovisual, explorando enquadramentos, cortes, movimentos de câmera e edição como elementos expressivos que dialogam com o movimento dos corpos.

No caso de "Bill T. Jones – Solos", o documentário incorpora princípios da videodança ao utilizar a câmera para enfatizar detalhes do corpo, criar ritmo visual com a montagem e explorar o espaço tridimensional de forma coreográfica. A filmagem não é passiva; ela se movimenta com o dançarino, ampliando a percepção do espectador sobre a dança e oferecendo novas camadas de leitura. Assim, o documentário transcende o registro documental tradicional e se insere na linguagem da videodança, ao transformar o ato de filmar em um componente da própria criação artística.

O trabalho de Don Kent com Bill T. Jones é um marco que celebra a potência da dança contemporânea e a sua transposição para o universo audiovisual. Ao se apropriar das ferramentas do cinema e da videodança, a obra amplia o alcance e o impacto da performance, tornando-se não apenas um registro, mas uma recriação poética e política da arte de Bill T. Jones.

sexta-feira, 14 de março de 2025

The Chemical Brothers - Wide Open ft. Beck


O videoclipe de "Wide Open" do The Chemical Brothers, com participação de Beck, apresenta várias características da videodança, combinando a dança com o audiovisual para criar uma experiência visual e performática única. Aqui estão algumas razões pelas quais o clipe pode ser considerado um exemplo desse gênero:

1. Dança como Elemento Central

O clipe acompanha uma bailarina (interpretada por Sonoya Mizuno) que realiza uma coreografia contínua e fluida em um espaço industrial minimalista. Sua performance não é apenas um complemento à música, mas a peça central da narrativa visual.

2. Fusão entre Corpo e Tecnologia

Durante o videoclipe, o corpo da dançarina gradualmente se transforma em uma estrutura transparente e digitalizada. Esse efeito visual ressalta a fusão entre o humano e o tecnológico, algo que muitas videodanças exploram ao ultrapassar os limites da corporeidade tradicional.

3. Cinematografia e Movimento da Câmera

Diferente de uma filmagem de dança tradicional, onde a câmera pode ser estática para capturar a performance, em "Wide Open", a câmera se movimenta de forma integrada à coreografia, criando uma interação entre o movimento do corpo e a perspectiva do espectador.

4. Relação entre Música e Dança

A coreografia está perfeitamente sincronizada com os elementos sonoros da faixa, explorando ritmos, pausas e variações na melodia para guiar os movimentos. Esse alinhamento reforça a simbiose entre som e imagem, característica fundamental da videodança.

5. Ausência de Narrativa Convencional

Diferente de um videoclipe tradicional que pode contar uma história linear, "Wide Open" se baseia em uma progressão visual e sensorial, onde a dança e os efeitos visuais são os principais meios de expressão, um traço típico da videodança.

Assim, o videoclipe não apenas apresenta uma performance de dança, mas também usa recursos cinematográficos para transformar o corpo da dançarina em uma metáfora visual, tornando-se um exemplo sofisticado de videodança contemporânea.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Shakira, Papatinho - Estoy Aquí


O recém-lançado videoclipe do remix de "Estoy Aquí", fruto da colaboração entre Shakira e o produtor brasileiro Papatinho, destaca-se por sua rica perspectiva de videodança. Gravado na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro, o clipe é protagonizado pelo coreógrafo e bailarino Raphael Vicente, juntamente com o grupo Dança Maré, composto por 25 dançarinos. 

A coreografia, apresentada inicialmente a Shakira durante sua participação no programa "Domingão com Huck", foi incorporada ao videoclipe oficial, evidenciando a interação entre artista e comunidade local.  O vídeo exibe uma fusão vibrante de cores, movimentos e energia, refletindo a essência do funk carioca e a cultura brasileira. As cenas dinâmicas capturam a vitalidade das ruas da Maré, proporcionando uma experiência visual que celebra a dança como forma de expressão cultural e artística. 

O videoclipe é um exemplo claro de como a videodança pode transformar a dança em um elemento central da experiência audiovisual. A fusão entre corpo, música e espaço urbano cria um impacto visual e emocional que vai além de um clipe tradicional, tornando a dança um meio de expressão cultural e identidade local. Aqui estão alguns dos principais elementos que se destacam no clipe:

1. Diálogo entre dança e espaço urbano

  • O clipe foi gravado na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro, incorporando o cenário real como parte da performance.
  • A dança interage diretamente com o ambiente, utilizando ruas, becos e lajes como extensão do corpo e do movimento, criando uma coreografia que se adapta ao espaço urbano.

2. Movimento e cinematografia integrada

  • A filmagem apresenta uma abordagem fluida, com cortes e ângulos que reforçam o ritmo e a intensidade dos movimentos.
  • Há um uso estratégico de planos fechados e abertos, permitindo que o espectador sinta a energia da dança ao mesmo tempo em que aprecia a amplitude da coreografia coletiva.

3. Enfoque na cultura popular e identidade local

  • O funk carioca, fortemente presente na coreografia, ressalta a influência das danças urbanas e populares na videodança.
  • A estética e os movimentos dos dançarinos do grupo Dança Maré traduzem não apenas técnica, mas uma expressão genuína da comunidade.

4. Ritmo e edição dinâmica

  • A montagem acompanha a batida da música, alternando entre momentos mais rápidos e outros que destacam performances individuais e coletivas.
  • O uso de slow motion e acelerações pontuais amplifica a expressividade dos movimentos.

5. Corpo como narrativa visual

  • A dança não é apenas um complemento à música, mas um meio de contar uma história, expressando sentimentos de liberdade, pertencimento e celebração.
  • O envolvimento da coreografia criada por Raphael Vicente e apresentada a Shakira anteriormente reforça a conexão entre os dançarinos e a artista.




terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Calico Mingling de Lucinda Childs e Babette Mangolte


A obra Calico Mingling (1973), coreografada por Lucinda Childs, é um marco da dança pós-moderna, e sua relação com a dança para a tela é amplificada pela cineasta Babette Mangolte, que documentou e traduziu essa coreografia para o formato cinematográfico. Vamos analisar essa relação sob diferentes aspectos:


1. A Coreografia de Calico Mingling

  • Lucinda Childs, uma das grandes figuras do Judson Dance Theater, criou essa peça como parte de sua pesquisa sobre padrões geométricos e minimalismo no movimento.
  • A coreografia se baseia em deslocamentos no espaço, com os dançarinos realizando trajetórias repetitivas e simétricas, criando formas abstratas sem uma narrativa explícita.
  • O título "Calico Mingling" sugere um entrelaçamento de padrões, assim como ocorre em tecidos estampados, refletindo o jogo coreográfico de encontros e desencontros dos bailarinos.

2. A Visão Cinematográfica de Babette Mangolte

  • Babette Mangolte, cineasta e fotógrafa conhecida por seu trabalho com a dança pós-moderna, documentou Calico Mingling de forma que evidencia sua relação com a tela.
  • Diferente de uma simples gravação de um espetáculo, Mangolte usa enquadramentos que enfatizam a estrutura da coreografia, transformando a performance em uma experiência cinematográfica.
  • Sua abordagem evita cortes excessivos, permitindo que o espectador acompanhe os deslocamentos e padrões coreográficos sem interrupções bruscas, respeitando a lógica minimalista da dança.

3. Dança para a Tela: O Espaço Como Coreografia

  • Mangolte capta a dança de um ponto de vista quase arquitetônico, mostrando como os movimentos dos bailarinos desenham padrões no espaço.
  • A câmera não interfere no fluxo da coreografia, mas a escolha dos ângulos e do enquadramento reforça a geometria dos deslocamentos.
  • O plano sequência e o uso de planos amplos são fundamentais para preservar a sensação de continuidade e precisão da obra.

4. Relação com Outras Obras da Dança para Tela

  • Assim como em outros registros coreográficos dirigidos por Mangolte (Trio A de Yvonne Rainer, por exemplo), Calico Mingling desafia a ideia de dança como algo a ser visto exclusivamente no palco.
  • A transposição para o cinema permite que novos públicos percebam a complexidade da movimentação e da estrutura coreográfica de Lucinda Childs, que poderia ser menos evidente em uma apresentação ao vivo.

A colaboração entre Lucinda Childs e Babette Mangolte em Calico Mingling exemplifica como a dança para a tela pode ser usada para expandir e reinterpretar coreografias minimalistas. Através do olhar cinematográfico de Mangolte, a precisão geométrica dos movimentos de Childs ganha um novo nível de visibilidade, tornando a dança um desenho móvel no espaço, onde o olhar da câmera se torna parte essencial da experiência coreográfica.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Kenzo World



O filme publicitário Kenzo World (2016), dirigido por Spike Jonze e estrelado por Margaret Qualley, é um excelente exemplo de como a dança para a tela pode ser explorada de maneira inovadora. Podemos destacar vários aspectos específicos desse tipo de dança no curta:

1. Uso da Coreografia Expressiva e Não Convencional

  • A dança, coreografada por Ryan Heffington (também responsável por Chandelier, de Sia), foge das formas tradicionais de balé ou dança contemporânea, explorando movimentos bruscos, inesperados e altamente expressivos.
  • Há uma fusão de gestos exagerados, expressões faciais intensas e movimentação corporal livre, criando uma sensação de espontaneidade e descontrole controlado.

2. Interação com o Espaço Cinematográfico

  • O ambiente do hotel é usado como um "palco", mas com características cinematográficas: a personagem dança entre colunas, escadas, corredores e até interage com espelhos.
  • O espaço não é um cenário fixo como em uma apresentação ao vivo; a câmera segue a dançarina, reforçando a tridimensionalidade do espaço.

3. Uso da Câmera como Parte da Coreografia

  • A câmera não apenas registra os movimentos, mas também participa da coreografia. Movimentos de câmera fluidos, mudanças de enquadramento e cortes dinâmicos complementam a dança.
  • Há momentos de câmera subjetiva, que mergulham na energia caótica da personagem.

4. Edição e Ritmo

  • A montagem é essencial para a construção da narrativa corporal. Os cortes seguem a intensidade da performance, alternando entre planos abertos que mostram todo o movimento e closes que enfatizam expressões faciais e gestos.
  • O ritmo da edição acompanha a trilha sonora vibrante (Mutant Brain, de Sam Spiegel e Ape Drums), reforçando a fusão entre dança e cinema.

5. Exploração das Emoções e Narrativa Abstrata

  • A dança para a tela permite contar uma história sem palavras. Aqui, a personagem passa por uma transformação emocional intensa — começa contida e rígida e depois explode em energia crua e liberdade.
  • O uso de expressões faciais extremas e gestos descontrolados cria uma performance quase teatral, mas que funciona perfeitamente na tela devido à proximidade da câmera.

6. Estética e Construção Visual

  • A fotografia do filme usa tons sofisticados e iluminação dramática, criando contrastes entre a sobriedade do espaço e a energia caótica da dança.
  • O figurino de Margaret Qualley, um elegante vestido verde, adiciona fluidez aos movimentos e cria um impacto visual dinâmico.

No geral, Kenzo World é um exemplo brilhante de como a dança para a tela pode ir além da simples performance coreografada, tornando-se uma experiência cinematográfica envolvente, que mistura emoção, narrativa visual e experimentação física.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

corpo pra que te quero


Acordar num dia em que o corpo pode mais. O que é o corpo? Qual o alcance de sua rede de conexões internas, com os outros seres e com o ambiente que habitamos? O que sentimos? Como sentimos? ‘corpo pra que te quero’ é um experimento sobre o corpo que imaginamos e queremos, uma realidade forjada na especulação, uma dança do mundo que temos para o mundo que desejamos. FICHA TÉCNICA Criação e interpretação: Danielle Satiko, Heloísa Paschon, Monique Amaral Direção: Monique Amaral Imagens: Danielle Satiko, Monique Amaral e Paula Lira Figurino: Heloísa Paschon | Figu Ateliê Trilha Sonora: Guilherme Monteiro Edição: Danielle Satiko e Monique Amaral Imagens Drone: Cleyton Cardoso | Mangat Imagens Aéreas Produção e Comunicação: Pólen Criativa Design Gráfico: Caio Ananias Provocação Corporal: Nina Giovelli Participação: Rafael Mariposa Agradecimentos: Rafael Mariposa, Paula Lira, Marina Motta do Amaral, Sérgio Luiz do Amaral, Geraldo Paschon, Roseli Paschon, Caio Tonieti, Marcelo Yukio Kaneko, Maria da Glória Farias Cardoso, Luca Dubem, Alice Gonçalves, Nina Giovelli, equipe da EMARP, equipe do Parque Pérola, ARCA, Marisa Ballarini, Bárbara Girão, Fernanda Henrique, John Halles, Marcio Rocha Filho Audiodescrição: Tessi Ferreira Duração: 15 minutos Indicação Livre Versão com Audiodescrição:    • corpo pra que te quero - COM AUDIODES...   Este projeto é financiado pela Lei Paulo Gustavo 195/2022 do Governo Federal e operacionalizado pela Prefeitura de Ribeirão Pires por meio da Secretaria de Educação e Cultura.

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