terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Calico Mingling de Lucinda Childs e Babette Mangolte


A obra Calico Mingling (1973), coreografada por Lucinda Childs, é um marco da dança pós-moderna, e sua relação com a dança para a tela é amplificada pela cineasta Babette Mangolte, que documentou e traduziu essa coreografia para o formato cinematográfico. Vamos analisar essa relação sob diferentes aspectos:


1. A Coreografia de Calico Mingling

  • Lucinda Childs, uma das grandes figuras do Judson Dance Theater, criou essa peça como parte de sua pesquisa sobre padrões geométricos e minimalismo no movimento.
  • A coreografia se baseia em deslocamentos no espaço, com os dançarinos realizando trajetórias repetitivas e simétricas, criando formas abstratas sem uma narrativa explícita.
  • O título "Calico Mingling" sugere um entrelaçamento de padrões, assim como ocorre em tecidos estampados, refletindo o jogo coreográfico de encontros e desencontros dos bailarinos.

2. A Visão Cinematográfica de Babette Mangolte

  • Babette Mangolte, cineasta e fotógrafa conhecida por seu trabalho com a dança pós-moderna, documentou Calico Mingling de forma que evidencia sua relação com a tela.
  • Diferente de uma simples gravação de um espetáculo, Mangolte usa enquadramentos que enfatizam a estrutura da coreografia, transformando a performance em uma experiência cinematográfica.
  • Sua abordagem evita cortes excessivos, permitindo que o espectador acompanhe os deslocamentos e padrões coreográficos sem interrupções bruscas, respeitando a lógica minimalista da dança.

3. Dança para a Tela: O Espaço Como Coreografia

  • Mangolte capta a dança de um ponto de vista quase arquitetônico, mostrando como os movimentos dos bailarinos desenham padrões no espaço.
  • A câmera não interfere no fluxo da coreografia, mas a escolha dos ângulos e do enquadramento reforça a geometria dos deslocamentos.
  • O plano sequência e o uso de planos amplos são fundamentais para preservar a sensação de continuidade e precisão da obra.

4. Relação com Outras Obras da Dança para Tela

  • Assim como em outros registros coreográficos dirigidos por Mangolte (Trio A de Yvonne Rainer, por exemplo), Calico Mingling desafia a ideia de dança como algo a ser visto exclusivamente no palco.
  • A transposição para o cinema permite que novos públicos percebam a complexidade da movimentação e da estrutura coreográfica de Lucinda Childs, que poderia ser menos evidente em uma apresentação ao vivo.

A colaboração entre Lucinda Childs e Babette Mangolte em Calico Mingling exemplifica como a dança para a tela pode ser usada para expandir e reinterpretar coreografias minimalistas. Através do olhar cinematográfico de Mangolte, a precisão geométrica dos movimentos de Childs ganha um novo nível de visibilidade, tornando a dança um desenho móvel no espaço, onde o olhar da câmera se torna parte essencial da experiência coreográfica.

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