O filme publicitário Kenzo World (2016), dirigido por Spike Jonze e estrelado por Margaret Qualley, é um excelente exemplo de como a dança para a tela pode ser explorada de maneira inovadora. Podemos destacar vários aspectos específicos desse tipo de dança no curta:
1. Uso da Coreografia Expressiva e Não Convencional
- A dança, coreografada por Ryan Heffington (também responsável por Chandelier, de Sia), foge das formas tradicionais de balé ou dança contemporânea, explorando movimentos bruscos, inesperados e altamente expressivos.
- Há uma fusão de gestos exagerados, expressões faciais intensas e movimentação corporal livre, criando uma sensação de espontaneidade e descontrole controlado.
2. Interação com o Espaço Cinematográfico
- O ambiente do hotel é usado como um "palco", mas com características cinematográficas: a personagem dança entre colunas, escadas, corredores e até interage com espelhos.
- O espaço não é um cenário fixo como em uma apresentação ao vivo; a câmera segue a dançarina, reforçando a tridimensionalidade do espaço.
3. Uso da Câmera como Parte da Coreografia
- A câmera não apenas registra os movimentos, mas também participa da coreografia. Movimentos de câmera fluidos, mudanças de enquadramento e cortes dinâmicos complementam a dança.
- Há momentos de câmera subjetiva, que mergulham na energia caótica da personagem.
4. Edição e Ritmo
- A montagem é essencial para a construção da narrativa corporal. Os cortes seguem a intensidade da performance, alternando entre planos abertos que mostram todo o movimento e closes que enfatizam expressões faciais e gestos.
- O ritmo da edição acompanha a trilha sonora vibrante (Mutant Brain, de Sam Spiegel e Ape Drums), reforçando a fusão entre dança e cinema.
5. Exploração das Emoções e Narrativa Abstrata
- A dança para a tela permite contar uma história sem palavras. Aqui, a personagem passa por uma transformação emocional intensa — começa contida e rígida e depois explode em energia crua e liberdade.
- O uso de expressões faciais extremas e gestos descontrolados cria uma performance quase teatral, mas que funciona perfeitamente na tela devido à proximidade da câmera.
6. Estética e Construção Visual
- A fotografia do filme usa tons sofisticados e iluminação dramática, criando contrastes entre a sobriedade do espaço e a energia caótica da dança.
- O figurino de Margaret Qualley, um elegante vestido verde, adiciona fluidez aos movimentos e cria um impacto visual dinâmico.
No geral, Kenzo World é um exemplo brilhante de como a dança para a tela pode ir além da simples performance coreografada, tornando-se uma experiência cinematográfica envolvente, que mistura emoção, narrativa visual e experimentação física.
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