segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Kenzo World



O filme publicitário Kenzo World (2016), dirigido por Spike Jonze e estrelado por Margaret Qualley, é um excelente exemplo de como a dança para a tela pode ser explorada de maneira inovadora. Podemos destacar vários aspectos específicos desse tipo de dança no curta:

1. Uso da Coreografia Expressiva e Não Convencional

  • A dança, coreografada por Ryan Heffington (também responsável por Chandelier, de Sia), foge das formas tradicionais de balé ou dança contemporânea, explorando movimentos bruscos, inesperados e altamente expressivos.
  • Há uma fusão de gestos exagerados, expressões faciais intensas e movimentação corporal livre, criando uma sensação de espontaneidade e descontrole controlado.

2. Interação com o Espaço Cinematográfico

  • O ambiente do hotel é usado como um "palco", mas com características cinematográficas: a personagem dança entre colunas, escadas, corredores e até interage com espelhos.
  • O espaço não é um cenário fixo como em uma apresentação ao vivo; a câmera segue a dançarina, reforçando a tridimensionalidade do espaço.

3. Uso da Câmera como Parte da Coreografia

  • A câmera não apenas registra os movimentos, mas também participa da coreografia. Movimentos de câmera fluidos, mudanças de enquadramento e cortes dinâmicos complementam a dança.
  • Há momentos de câmera subjetiva, que mergulham na energia caótica da personagem.

4. Edição e Ritmo

  • A montagem é essencial para a construção da narrativa corporal. Os cortes seguem a intensidade da performance, alternando entre planos abertos que mostram todo o movimento e closes que enfatizam expressões faciais e gestos.
  • O ritmo da edição acompanha a trilha sonora vibrante (Mutant Brain, de Sam Spiegel e Ape Drums), reforçando a fusão entre dança e cinema.

5. Exploração das Emoções e Narrativa Abstrata

  • A dança para a tela permite contar uma história sem palavras. Aqui, a personagem passa por uma transformação emocional intensa — começa contida e rígida e depois explode em energia crua e liberdade.
  • O uso de expressões faciais extremas e gestos descontrolados cria uma performance quase teatral, mas que funciona perfeitamente na tela devido à proximidade da câmera.

6. Estética e Construção Visual

  • A fotografia do filme usa tons sofisticados e iluminação dramática, criando contrastes entre a sobriedade do espaço e a energia caótica da dança.
  • O figurino de Margaret Qualley, um elegante vestido verde, adiciona fluidez aos movimentos e cria um impacto visual dinâmico.

No geral, Kenzo World é um exemplo brilhante de como a dança para a tela pode ir além da simples performance coreografada, tornando-se uma experiência cinematográfica envolvente, que mistura emoção, narrativa visual e experimentação física.

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