segunda-feira, 31 de março de 2025

Goldberg Variations (1992) de Walter Verdin e Steve Paxton


O trabalho Goldberg Variations de Walter Verdin, gravado com o bailarino e coreógrafo Steve Paxton, pode ser considerado uma obra essencial dentro do campo da videodança. Criado no ano de 1992, esse projeto combina a interpretação da icônica peça musical Goldberg Variations de Johann Sebastian Bach com a abordagem de improvisação de Paxton, um dos fundadores do Contact Improvisation.

Sobre o Trabalho

  • Música: A trilha sonora é baseada nas Goldberg Variatons de J. S. Bach frequentemente interpretadas ao piano por Glenn Gould. Essa peça musical, com sua estrutura de variações e repetições, fornece uma base rítmica e emocional para o movimento.
  • Dança: Steve Paxton, com seu estilo característico de improvisação e sutil modulação de peso e equilíbrio, dança a obra com uma abordagem minimalista e fluida, explorando pequenas nuances do corpo e do tempo.
  • Vídeo: Walter Verdin utiliza a linguagem audiovisual para criar camadas adicionais de significado, empregando cortes, sobreposições e diferentes perspectivas visuais.

Perspectiva da Videodança

O trabalho pode ser analisado como videodança a partir de alguns elementos essenciais:

  1. Interação entre Corpo e Câmera

    • A câmera não apenas documenta, mas participa ativamente da coreografia, criando enquadramentos que ressaltam a musicalidade e a fisicalidade da dança.
  2. Edição como Extensão do Movimento

    • Os cortes e transições no vídeo reforçam a fluidez e a repetição presentes tanto na música quanto na dança, tornando a edição uma ferramenta coreográfica por si só.
  3. Relação entre Tempo e Espaço

    • A videodança permite manipular a percepção do tempo e do espaço, algo explorado por Verdin para enfatizar detalhes e dinâmicas do movimento de Paxton.
  4. Desmaterialização do Corpo ao Vivo

    • Diferente da dança tradicional, onde o corpo está presente no mesmo espaço do espectador, Goldberg Variations como videodança transforma a performance em uma experiência mediada, permitindo novas leituras e interpretações do movimento.

Este trabalho se destaca dentro da videodança por sua sensibilidade e pela fusão entre dança, música e cinema. A abordagem de Verdin e Paxton desafia a fronteira entre a improvisação e a composição, mostrando como a videodança pode ser tanto um documento do movimento quanto uma obra coreográfica independente.

quinta-feira, 27 de março de 2025

David Guetta & Sia - Beautiful People (Official Video)


O videoclipe de "Beautiful People", colaboração entre David Guetta e Sia, destaca-se como uma peça de videodança ao integrar a coreografia como elemento central da narrativa visual. Dirigido por Daniel Askill e coreografado por Jacob Jonas, o vídeo apresenta treze dançarinos do grupo Jacob Jonas The Company, cujas performances traduzem a essência da música por meio do movimento. 

Filmado no City Market de Los Angeles o vídeo utiliza a dança contemporânea para enfatizar temas como resistência, diversidade, comunidade, alinhando-se à mensagem presente na letra da música, exemplificando a fusão entre música e dança no formato de videodança, onde a coreografia não apenas complementa, mas amplifica a mensagem da obra musical.

A colaboração entre David Guetta e Sia já resultou em diversos sucessos anteriores, como "Titanium" e "Flames". Em "Beautiful People", a escolha por uma abordagem centrada na dança reforça a tradição de Sia em utilizar a expressão corporal como meio narrativo em seus videoclipes, mesmo sem aparecer fisicamente neles.

segunda-feira, 24 de março de 2025

Bill T. Jones - Solos



O documentário intitulado "Bill T. Jones – Solos" é uma produção de 2008 que registra e celebra a trajetória e a arte do coreógrafo e dançarino americano Bill T. Jones, um dos nomes mais influentes da dança contemporânea. Dirigido por Don Kent, conhecido por seu trabalho na captação audiovisual de espetáculos cênicos, o filme foi realizado na sede do Centre National de la Danse, em Pantin, França, um espaço icônico dedicado à arte da dança.

O documentário se estrutura em torno da performance de solos coreografados e dançados por Bill T. Jones, intercalados com depoimentos e reflexões do artista sobre sua carreira, processos criativos, questões sociais e políticas, além de suas experiências pessoais. Ao longo do filme, Jones explora temas como identidade, corpo, sexualidade, racismo, memória e a função da arte no mundo contemporâneo.

A obra não se limita à mera captação de dança, mas constrói uma narrativa que dialoga com o espaço arquitetônico do Centre National de Danse, utilizando a estrutura do prédio como cenário dinâmico para os solos, e criando uma interação entre corpo, câmera e ambiente. O documentário também enfatiza a fisicalidade e a expressividade de Jones, captando detalhes íntimos de seu movimento e do impacto de sua presença cênica.

Relação com a Videodança

A obra de Don Kent pode ser vista como um exemplo de videodança, pois diferentemente de uma gravação de espetáculo ao vivo, a videodança é concebida especificamente para o meio audiovisual, explorando enquadramentos, cortes, movimentos de câmera e edição como elementos expressivos que dialogam com o movimento dos corpos.

No caso de "Bill T. Jones – Solos", o documentário incorpora princípios da videodança ao utilizar a câmera para enfatizar detalhes do corpo, criar ritmo visual com a montagem e explorar o espaço tridimensional de forma coreográfica. A filmagem não é passiva; ela se movimenta com o dançarino, ampliando a percepção do espectador sobre a dança e oferecendo novas camadas de leitura. Assim, o documentário transcende o registro documental tradicional e se insere na linguagem da videodança, ao transformar o ato de filmar em um componente da própria criação artística.

O trabalho de Don Kent com Bill T. Jones é um marco que celebra a potência da dança contemporânea e a sua transposição para o universo audiovisual. Ao se apropriar das ferramentas do cinema e da videodança, a obra amplia o alcance e o impacto da performance, tornando-se não apenas um registro, mas uma recriação poética e política da arte de Bill T. Jones.

sexta-feira, 14 de março de 2025

The Chemical Brothers - Wide Open ft. Beck


O videoclipe de "Wide Open" do The Chemical Brothers, com participação de Beck, apresenta várias características da videodança, combinando a dança com o audiovisual para criar uma experiência visual e performática única. Aqui estão algumas razões pelas quais o clipe pode ser considerado um exemplo desse gênero:

1. Dança como Elemento Central

O clipe acompanha uma bailarina (interpretada por Sonoya Mizuno) que realiza uma coreografia contínua e fluida em um espaço industrial minimalista. Sua performance não é apenas um complemento à música, mas a peça central da narrativa visual.

2. Fusão entre Corpo e Tecnologia

Durante o videoclipe, o corpo da dançarina gradualmente se transforma em uma estrutura transparente e digitalizada. Esse efeito visual ressalta a fusão entre o humano e o tecnológico, algo que muitas videodanças exploram ao ultrapassar os limites da corporeidade tradicional.

3. Cinematografia e Movimento da Câmera

Diferente de uma filmagem de dança tradicional, onde a câmera pode ser estática para capturar a performance, em "Wide Open", a câmera se movimenta de forma integrada à coreografia, criando uma interação entre o movimento do corpo e a perspectiva do espectador.

4. Relação entre Música e Dança

A coreografia está perfeitamente sincronizada com os elementos sonoros da faixa, explorando ritmos, pausas e variações na melodia para guiar os movimentos. Esse alinhamento reforça a simbiose entre som e imagem, característica fundamental da videodança.

5. Ausência de Narrativa Convencional

Diferente de um videoclipe tradicional que pode contar uma história linear, "Wide Open" se baseia em uma progressão visual e sensorial, onde a dança e os efeitos visuais são os principais meios de expressão, um traço típico da videodança.

Assim, o videoclipe não apenas apresenta uma performance de dança, mas também usa recursos cinematográficos para transformar o corpo da dançarina em uma metáfora visual, tornando-se um exemplo sofisticado de videodança contemporânea.

Seguidores