O trabalho Goldberg Variations de Walter Verdin, gravado com o bailarino e coreógrafo Steve Paxton, pode ser considerado uma obra essencial dentro do campo da videodança. Criado no ano de 1992, esse projeto combina a interpretação da icônica peça musical Goldberg Variations de Johann Sebastian Bach com a abordagem de improvisação de Paxton, um dos fundadores do Contact Improvisation.
Sobre o Trabalho
- Música: A trilha sonora é baseada nas Goldberg Variatons de J. S. Bach frequentemente interpretadas ao piano por Glenn Gould. Essa peça musical, com sua estrutura de variações e repetições, fornece uma base rítmica e emocional para o movimento.
- Dança: Steve Paxton, com seu estilo característico de improvisação e sutil modulação de peso e equilíbrio, dança a obra com uma abordagem minimalista e fluida, explorando pequenas nuances do corpo e do tempo.
- Vídeo: Walter Verdin utiliza a linguagem audiovisual para criar camadas adicionais de significado, empregando cortes, sobreposições e diferentes perspectivas visuais.
Perspectiva da Videodança
O trabalho pode ser analisado como videodança a partir de alguns elementos essenciais:
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Interação entre Corpo e Câmera
- A câmera não apenas documenta, mas participa ativamente da coreografia, criando enquadramentos que ressaltam a musicalidade e a fisicalidade da dança.
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Edição como Extensão do Movimento
- Os cortes e transições no vídeo reforçam a fluidez e a repetição presentes tanto na música quanto na dança, tornando a edição uma ferramenta coreográfica por si só.
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Relação entre Tempo e Espaço
- A videodança permite manipular a percepção do tempo e do espaço, algo explorado por Verdin para enfatizar detalhes e dinâmicas do movimento de Paxton.
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Desmaterialização do Corpo ao Vivo
- Diferente da dança tradicional, onde o corpo está presente no mesmo espaço do espectador, Goldberg Variations como videodança transforma a performance em uma experiência mediada, permitindo novas leituras e interpretações do movimento.
Este trabalho se destaca dentro da videodança por sua sensibilidade e pela fusão entre dança, música e cinema. A abordagem de Verdin e Paxton desafia a fronteira entre a improvisação e a composição, mostrando como a videodança pode ser tanto um documento do movimento quanto uma obra coreográfica independente.